quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

2010 anos depois...

- Oh não, não! 
- O que foi? O que aconteceu? 
- São elas! Elas são assutadoras! Estão me perseguindo!
- Coitado, está tendo alucinações... Tsc, tsc, tsc. 
- Isso não é nenhuma alucinação! Elas estão por toda parte, as temíveis Caixinhas de Natal!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Salmodiar

Quando o sol parece se esconder
E a música não se faz escutar,
Correm as lágrimas
E o medo avança

Mas lembro-me
Que estás comigo
E se Te busco
A força renasce em mim

Então uma luz,
Brilha mais forte que o sol
E uma nova canção,
Surge em meus lábios

Tu estás aqui
E não há o que temer

Confio em Ti
E te entrego os meus planos,
Porque Teu é o amanhã

Vou deitar no Teu abraço
E nele descansar,
Porque aqui é o meu lugar

Nada nesse mundo
Me faz mais feliz
Do que estar em Ti...



Som da Vez: Oficina G3 - O Tempo

domingo, 19 de dezembro de 2010

Vou virar de salmão!

Caso você ainda não tenha reparado, é final de ano! Isso mesmo, aquela época em que todos são felizes, amorosos, educados, solidários e gentis. Uma época de ironizar qualquer filho de Deus. Aliás, O Filho de Deus sofre com essa, né? Todo mundo lembra dele em Dezembro. Afinal de contas, jingle bells jingle bells, é Natal! 

E esse ano eu resolvi que iria gostar de Natal... Incentivei minha mãe a enfeitar a casa, participei do amigo-oculto do trabalho e dei crédito à brincadeira na casa do vovô, fui ao Centro do Caos da Cidade comprar as premiações de tradição na casa do outro vô e prometi que iria prestigiar a decoração da Praça da Liberdade. Mas, como a maioria dos brasileiros, deixei para comprar os presentes na última hora (ou seja, ainda não comprei) e sendo assim, não tenho a menor chance de gostar do Natal já que terei que enfrentar o apogeu do consumo na minha primeira semana de férias.

Por tudo isso, resolvi não deixar para a última hora o principal do Revéillon: a escolha da roupa. Embora tenha amigas que me matariam por ainda não saber o que vestirei no último dia de 2010 e no primeiro de 2011, pra mim começar a pensar nisso agora é estar adiantada.

Então vamos lá escolher a cor da roupa... Não, não é qualquer cor de roupa, é a cor da roupa da virada! E isso significa escolher o que eu quero para todo o ano. Tenho uma amiga que diz que não dá pra sair de arco-íris e querer que todas as cores estejam presentes no ano que inicia... Tem que escolher uma e focar naquilo! Afinal, ninguém pode ter amor, paixão, paz, esperança e dinheiro ao mesmo tempo, isso seria humanamente impossível.

De acordo com o que minha péssima memória permitiu, a cor branca foi a que mais usei ao longo de todos os 31 de Dezembro que já vivi. Acho que não deu certo, né? Até porque eu vivo no Brasil.

Não me lembro de já ter virado de vermelho ou rosa, acho uma escolha infeliz. Se você é solteira e escolhe uma dessas cores para usar no revéillon, procure detectar rápido o grupinho mais numeroso de mulheres e permanecer lá durante toda a madrugada, não se ausente em hipótese alguma. A menos que você queira dá-las a oportunidade de falar sobre seu frustrante ano amoroso - “tadinha, não deu sorte, só furada... tomara que a roupa traga um pouco mais de sorte ano que vem”. Já se você é casada ou tem algum tipo de relacionamento estável, avise seu companheiro para detectar a rodinha dos homens porque ele será o alvo das línguas felinas amigas - “tem gente que não tá dando conta do recado, é muita areia pro caminhãozinho dele mesmo”.

Levando em conta de que é uma cor que eu gosto, já devo ter virado na cor da esperança. Pode até ter dado certo, eu não sou das pessoas mais pessimistas... Nem das mais irônicas.

E não, eu não uso amarelo, só de quatro em quatro anos quando tem Copa e torno-me patriota. Vai ver é por isso que sou pobre, só por isso, não tem nada a ver com o detalhe de ser estagiária da área da saúde.

Depois de muito pensar sobre essa importantíssima questão e de querer sair como um carro alegórico para encher meu ano de todas essas coisa, decidi: eu vou virar de salmão! É, isso mesmo, a cor da cor do peixe, a cor da moda, a cor do verão 2011! Vou virar o ano fashion!

Não é que eu tenha desistido de querer dinheiro, amor, paz, esperança ou paixão... É que eu quero tudo! E o melhor jeito de achar que isso é possível é não escolher uma coisa só. Assim, não vou achar que deu errado o amarelo quando chegar a fatura do cartão de crédito ou que não vingou o verde quando estiver de TPM. Se você resolve virar de vermelho e fica em casa sozinha no primeiro sábado de Janeiro, acha que seu mundo caiu, que nada vai dar certo, que o universo conspira contra você, que o vermelho foi a sua pior escolha. Mas se, por exemplo, você virar de roxo, só vai sentir-se a mais azarada das criaturas se tiver que frequentar muitos velórios durante o ano.

Enfim, posso até comer lentilha tentando equilibrar em um pé só ou pular ondinhas (quer dizer, não posso, não vou à praia), mas que vou virar de salmão, isso eu vou!

P.S.: se alguém é especialista em alguma ciência das cores e conhece um significado para a minha cor eleita, por favor, não estrague minha festa e meu otimismo, não me conte! Ou eu serei obrigada a te contar que estamos no horário de verão e que a simbologia de passar a meia-noite não tem o menor sentido.

Ah! Boas festas, amiguinhos!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nem senhor da própria história

Enquanto o sol morria por entre as frestas da madeira velha da porta e a garotinha por trás do balcão parecia velá-lo, entrou um rapaz sisudo e de calças rasgadas à altura dos joelhos. Estava com o chapéu nas mãos, os óculos na camisa e os olhos no chão, parecia que nada nele pertencia ao devido lugar e que o mesmo não pertencia a lugar algum. Deixou escorregar a mochila até que chegasse ao assoalho e indagou: a senhorita teria algum jornal?
- Oi?
- Um jornal, não precisa ser recente, de qualquer data serve.
- Jornal?
- Isso mesmo. Ou alguma revista.
- Ora essa! E o que é que o moço vai fazê com um jornal?! Ocê não me parece doutô, vestido assim...
- Veja bem, você pode me trazer um copo d'água. Depois veja algo para eu comer, algum quarto e uma toalha. Mas primeiro, eu gostaria que me trouxesse apenas um jornal.
- Óh, jornal num tem, nem novo, nem véio... Mas se o sinhô quisé a água tá'qui e a comida alguém já te traz qu'eu já vou ajeitar um quarto.
O rapaz pegou o copo e bebeu o líquido sem gosto a contragosto. A garota subia as escadas que rangiam a cada degrau sem se conformar com tamanha burrice, afinal...
- O que que um homem nesse estado pode querer com um jornal que nem precisa ser do dia? Primeiro achei que era moço de pouca idade, mas com aquela cara fechada e essa mania de me apurrinhá por causa de um jornal, bom é tratá como sinhô...
- Ê, minina! Já disse pra pará com isso de ficá bisbilhotanu a vida dos cliente!
- Ar, Dona Tereza, nunca vi isso, homi esquisito!
- O que é que tem? É moço novo, eu vi nos olho dele, mas nada de si'ngraçá!
A senhora desceu para levar sustento ao sujeito que causava rebuliços na cabeça da afilhada. Ele comeu afoito, agradeceu e foi logo dizendo:
- A senhora desculpe o mau jeito, mas preciso de um banho e uma cama.
Assim, foi subindo as escadas apoiando-se nas paredes porque já não havia força nas pernas. Quando enfim alcançou o quarto, notou que a garota curiosa saíra com demasiada pressa ao notar que se aproximava.
- Espere aí! Você... Vocês não teriam um rádio aqui?
Ela deu de ombros e murmurou alguma coisa enquanto saía.
Ele apoiou-se na cama com extremo cuidado a fim de assentar e disse sem saber se sua ouvinte estava ali para ouvir:
- É que às vezes menina, a gente passa tanto tempo correndo atrás do nosso destino que nem se dá conta do que aconteceu no caminho. E passa a procurar um jeito de saber o que foi quando a gente não foi. Posso lhe dizer que há tempo tenho andado por aí, correndo atrás de nem sei o quê, e não sou moço, nunca fui. Não fui o mocinho da estória, nem nunca serei o "sinhô" dela...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Entre aspas: Fernando Pessoa

"Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida

E outra que é pensada,

E a única vida que temos

É essa que é dividida

Entre a verdadeira e a errada".





P.S.: se tivesse feito essa leitura ontem, teria polpado o blog da última postagem...

Som da Vez: Adele - Chasing Pavements

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

...

São dias que você sente que a vida está seguindo seu rumo enquanto você está aí vendo tudo passar sem voltar nunca mais. E você sente que está sendo atropelado pelas horas, que elas estão passando por você. E passando, é passado. Você acha que é futuro, mas a verdade é que você é passado. Sentindo que é tudo provisório, que sua vida é provisória, achando que nada disso aí te pertence e que você só precisa ficar administrando para que não aconteça nenhuma catástrofe, mas que atitudes maiores e mais nobres são desnecessárias porque acha que tudo isso não pertence a você, que a sua vida real um dia vai chegar e repousar sob seu colo assentado no sofá. E enquanto você sonha com a sua vida real, a sua vida de imaginação passa sem que você nem perceba. Passa por você, passa do seu lado, passa na sua cara, passa em cima de você, e te esmaga! Mas você nem liga, você não se liga a nada daquilo, não é seu, né? E quer saber, talvez nem seja mesmo! Talvez você esteja aí só para ocupar o lugar de outra pessoa, seu impostor! E aquele texto que você escreveu um dia e guardou, aquele mesmo que você só reencontrou agora, e que exatamanete agora você leu e releu milhares de vezes, aquele que hoje você sequer pode publicar no seu próprio blog, foi o melhor retrato dos últimos meses da sua vida e ainda é. E a vida que você sonha, esperando que seja a sua vida real, é a vida que esse texto poderia ter te dado se tivesse sido enviado e conseguido transformar alguma coisa. Mas você nunca enviou, você nunca mostrou, você deixou que as coisas acontecessem por elas mesmas. E agora você está aí, escrevendo um texto que ninguém vai entender, muito menos gostar de ler. Escrvendo um texto sem a mínima poesia, sem o menor cuidado com a língua, um texto horroroso. Enquanto aquele escrito lindo, talvez o melhor que você já tenha feito, recheado de amor, de arte e de potencial para transformar a vida do seu leitor, voltará para gaveta quando você cansar de lê-lo, ou quem sabe não acabe amassado no lixo, seu lixo. Você deu a sua vida pela vida relatada ali. E no final, ficou sem as duas. Você é mesmo um imbecíl.